sexta-feira, 24 de julho de 2015

Dúvida e Medo

"Dúvida é em si mesmo incredulidade e medo é falta de confiança. Não confiar em Deus é o mesmo que não crer nEle. Duvidar é chamar Deus de mentiroso. Pois, se a Sua Palavra diz que Ele é capaz de cumprir com todas as Suas promessas e você duvida desta verdade, então Ele é mentiroso. Isso agride a Deus em sua retidão, no Seu caráter, além de ser pecado é um inimigo poderoso contra a sua Fé.

Desconfiar de algo é pecado para Deus. Deixar de crer na sua palavra, é o mesmo que virar as costas para o Senhor. Enquanto estávamos no mundo esse pecado não nos afetava, pois estávamos mortos. Mas, a partir do momento que aceitamos a Jesus e duvidamos de alguma palavra ou promessa Sua estamos pecando. Deus nos livrou de todo o pecado ao nos entregar Seu Filho Jesus para crucificação. Todo, exatamente todo. Isto inclui as dúvidas e medos.

Ninguém está isento de passar por dificuldades na vida. Isto é uma consequencia natural de um mundo caído. As dificuldades vêm de diversas maneiras e com diversos níveis de intensidade. Contudo, são nestes momentos de luta que Satanás aproveita para roubar aquilo de mais precioso que o crente possui, a sua fé. São os momentos de dificuldades onde o crente está mais vulnerável e se nós não estivermos firmado na rocha, podemos cair. Por outro lado, as dificuldades que passamos têm também um caráter pedagógico. Deus usa as tribulações para refinar seus filhos. Porém, assim como Jesus manteve sua fé diante de seus sofrimentos, durante a crucificação, também é intenção de Deus que seus filhos mantenham a deles.

A dúvida e o medo, em certos momentos, servem para nos proteger. Quando nos sentimos em perigo, esses sentimentos nos faz recuar e pensar no que fazer. O que não podemos é deixar isso tomar conta de nós, pois as dúvidas e os medos são passageiros. A fé nos ajuda a lidar com esses sentimentos, principalmente quando juntamos a ela o nosso esforço em superá-los, tomando consciência de que somos nós que mandamos em nossos sentimentos, e não o contrário.

O medo é o principal problema de muitos cristãos hoje para entregarem a sua vida à Cristo. Alguns têm medo do que os outros vão pensar a seu respeito, outros tem medo de se tornarem fanáticos, também existem aqueles que tem medo do que a própria palavra de Deus esta dizendo. Se o medo toma conta do nosso coração, dificilmente andaremos pela fé, mas iremos procurar uma solução pessoal para o caso. É por este motivo que muitos chegam à igreja e passam por um período inicial de muita alegria e satisfação. No começo desfrutamos da graça, onde o Senhor apenas nos alimenta com leite, pois somos crianças na fé. Mas quando a criança já estiver se desenvolvendo, receberá alimento sólido, sofrendo dentro de si os reflexos dos seus nutrientes. É neste momento que entra o medo, pois percebemos que o Senhor está querendo que deixemos de ser criança para nos tornar maduros espiritualmente e isto exige de nós algumas decisões, mudança de atitudes.

A salvação é a presença repentina e calma de Deus em meio ao mar agitado de nossas vidas. Ouvimos a voz de Deus em meio as nossas dúvidas e medos e, então, damos o passo. Nós, assim como Paulo, estamos cientes de duas coisas: somos grandes pecadores e precisamos de um grande Salvador. Nós, assim como Pedro, estamos cientes de dois fatos: estamos afundando enquanto Deus está se levantando. E assim, começamos a escalar, deixamos para trás o barco dos maus sentimentos que quer nos afundar e nos firmamos no caminho sólido da graça de Deus. E, surpreendentemente, somos capazes de caminhar sobre as águas. A morte está desarmada, os fracassos são perdoáveis, a vida tem um propósito real. E Deus não está apenas à nossa vista, mas ao nosso alcance. Com passos direcionados, porém trêmulos, nos aproximamos dEle. Por um momento de força surpreendente, nós nos firmamos sobre Suas promessas. Não faz sentido sermos capazes de realizar isso. Não pedimos para sermos dignos de tal dom incrível. Quando as pessoas perguntam como mantemos nosso equilíbrio durante tempos de tormenta, não nos gabamos e nem nos vangloriamos. Apontamos, sem nenhuma vergonha, para Aquele que torna tudo isso possível.

Alguns exemplos de Medo e Fé na Bíblia:

No momento da tempestade, Pedro teve medo. Navegou por horas entre aquelas ondas. Sabia do que essas tormentas eram capazes. Tinha ouvido outras histórias, visto naufrágios. Conhecia as viúvas. Ele sabia que a tempestade poderia matar e, então, sentiu vontade de sair dali. Durante toda a noite ele quis escapar dali. Por horas, foi arrastado com o barco, lutou com os remos e buscou esperança em cada sombra que aparecia no horizonte. Se pudéssemos olhar nos olhos de Pedro, não conseguirá enxergar um homem de convicção e sim medo, um medo sufocante. Mas, desse medo nasceria um ato de fé. Ele chegou a duvidar do Senhor antes de andar sobre as águas, mas sua fé foi maior e ele foi ao encontro do Senhor.

O Capítulo 11 de Hebreus resume alguns discípulos corajosos, onde em suas biografias sempre iniciam com capítulos de puro pânico. Temor da morte, do fracasso, da solidão, de uma vida vã, de fracassar em conhecer a Deus. A fé começa quando você vê Deus na montanha, mas você mesmo está no vale e sabe que está muito fraco para subir. Consegue enxergar o que está precisando... o que tem... e descobre que o que tem não é suficiente para realizar qualquer coisa.

Pedro deu o melhor de si. Porém, o seu melhor não era o bastante. Moisés tinha um mar em sua frente e um inimigo nas suas costas. Os israelitas poderiam muito bem nadar ou lutar, mas nenhuma das opções era o bastante. Paulo tinha perfeito conhecimento da lei, era mestre do sistema. Mas um olhar para Deus o convenceu de que sacrifícios e símbolos não eram o bastante. A igreja em Jerusalém sabia que não havia esperança de libertar Pedro da prisão. Eles tinham cristãos que poderiam lutar, mas eram poucos. Tinham armas, mas não eram potentes. Não precisavam de músculo, precisavam de milagre. E Pedro também. Ele estava consciente de dois fatos: descia cada vez mais enquanto o Senhor Jesus se levantava. E sabia onde queria estar.

Não há nada errado com essa reação. A fé que se inicia com o temor terminará mais próxima ao Pai.

Em outro momento, a frase que Jesus disse a Jairo, quando sua filha já se apresentava morta e os seus lhe disseram que não incomodassem mais o Mestre foi: “Não temas, crê somente” (Mc 5,36). Diante da situação, aquele pai, que correu ao encontro do Senhor para pedir ajuda, vê seu esforço se tornar inútil, pois sua filhinha havia morrido e sua esperança acabado diante da morte. Com certeza, o medo quis tomar conta daquele homem. Medo de perder seu bem tão precioso, de não ter conseguido salvá-la, de não ter sido um bom pai. Nesse momento, vem a frase consoladora e libertadora de Jesus: “Não temas, crê somente” (Não tenha medo, tenha fé – outra versão). 

É o Senhor mesmo, nos dando a chave do milagre: acreditar, acreditar, acreditar. Quando tudo mais nos levar a preencher o nosso coração com o medo, a ordem do Senhor é ter fé, ultrapassar os limites do que é tocável, os limites da razão e crer. E crendo, receber. E recebendo testemunhar e levar mais pessoas a crer, a receber e a testemunhar.


(Tópico da Aula "Amigos e Inimigos da Fé" - Centro de Treinamento de Líderes, Igreja Videira)

A Graça e a Paz do Senhor Jesus.

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